20/12/2016

[Resenha] Um Tom Mais Escuro de Magia - V.E. Schwab


SinopseKell é um dos últimos Viajantes magos com uma habilidade rara e cobiçada de viajar entre universos paralelos conectados por uma cidade mágica. Existe a Londres Cinza, suja e enfadonha, sem magia alguma e com um rei louco George III. A Londres Vermelha, onde vida e magia são reverenciadas, e onde Kell foi criado ao lado de Rhy Maresh, o boêmio herdeiro de um império próspero. A Londres Branca: um lugar onde se luta para controlar a magia, e onde a magia reage, drenando a cidade até os ossos. E era uma vez... a Londres Negra. Mas ninguém mais fala sobre ela. Oficialmente, Kell é o Viajante Vermelho, embaixador do império Maresh, encarregado das correspondências mensais entre a realeza de cada Londres. Extra-oficialmente, Kell é um contrabandista, atendendo pessoas dispostas a pagar por mínimos vislumbres de um mundo que nunca verão. É um hobby desafiador com consequências perigosas que Kell agora conhecerá de perto. Fugindo para a Londres Cinza, Kell esbarra com Delilah Bard, uma ladra com grandes aspirações. Primeiro ela o assalta, depois o salva de um inimigo mortal e finalmente obriga Kell a levá-la para outro mundo a fim de experimentar uma aventura de verdade. Magia perigosa está à solta e a traição espreita em cada esquina. Para salvar todos os mundos, Kell e Lila primeiro precisam permanecer vivos.


Autora: V.E. Schwab
Editora: Record
Páginas: 420
Classificação: 4/5


Essa história se passa em Londres, melhor dizendo em três Londres diferentes. O mundo criado pela V. E. Schwab é composto por quatro dimensões, cada uma com suas características e particularidades, uma das poucas coisas que elas têm em comum é a cidade de Londres, que mesmo possuindo o mesmo nome diferem muito uma da outra, são elas: a Londres cinza, Londres vermelha, Londres branca e Londres negra sendo que essa última foi consumida pela magia e virou lenda, enfim, antes da treta toda acontecer e a magia ficar doida e consumir toda a Londres Preta até não sobrar nada existiam portas que permitiam a viagem de uma Londres para outra, mas essas portas foram lacradas e nos tempos atuais apenas os Antaris tem poder de travessia e esses magos estão em extinção. O protagonista dessa história é um Antari e eu vou deixar que ele apresente esse mundo para vocês.

Como já é característico de livros de fantasia a narrativa começa lenta, todo aquele trabalho de apresentar o mundo, as nuances de cada Londres, fazer o leitor entender como funciona a magia faz com que o começo fique um pouco arrastado, o que ajuda para isso acontecer é que o ponto de vista é dividido entre dois personagens Kell e Lila e cada um tem uma realidade para apresentar, sendo assim conhecemos duas realidades diferentes que precisam ser contadas para que quando elas se encontrarem fique mais fácil e mais completo o entendimento do leitor. Eu como leitora de fantasia já estou acostumada, mesmo que que atrase minha leitura não é uma coisa que me incomoda muito. Chega um momento que tudo flui, quando o ritmo da narrativa muda você passa a deslizar pelas páginas sem intenção de frear, se torna uma leitura movimentada, dinâmica e rápida. Achei o enredo simples e objetivo, a narrativa é feita em terceira pessoa e o universo onde se passa a história é sólido e bem construído.

“A pureza sem equilíbrio e a sua própria maldição.”

Kell é um mago, mas de um tipo especial, pois é um Antari e pertence a coroa vermelha, como assim pertence? Então, como um “abençoado” ele fica aos cuidados e a serviço do Rei e da Rainha para que possa viajar entre mundos levando e trazendo mensagens, mas não são apenas mensagens que o protagonista trás de outras Londres, ele tem o péssimo habito de contrabandear objetos coisa que é estritamente proibida e ai já sabemos que vai dar treta. Kell é um personagem muito interessante, ele tem um respeito absurdo pela magia e pelo equilíbrio, um personagem de bom coração, justo e leal. Gostei muito de como o Kell foi construído, mesmo sentindo um vazio em sua história achei ele bem completo e muito coerente, acredito que nos livros posteriores seu passado será desvendado, pois fiquei com a sensação que tem muita coisa para saber sobre ele, coisa que nem mesmo Kell sabe.

Lila é uma ladra muito habilidosa, luta desde sempre para sobreviver nas ruas da Londres Cinza, essa versão de Londres não possui magia e o conhecimento de tal força foi a muito tempo esquecida. Lia balança entre o certo e o errado, uma personagem de bom coração, porém com um senso de preservação muito mais forte, não hesita quando o assunto é sua sobrevivência o que faz da protagonista alguém muito interessante e letal. Quando seu caminho se cruza com o de Kell tudo muda e ela tem que usar sua inteligência e habilidade para ajudar o novo amigo a concluir a missão de salvar os mundos, mas não pensem que tudo é bondade, o que Lia sempre quis na vida foi uma aventura e quando a maior delas bate na sua porta ela não demora em aceitar e embarcar em um caminho sem volta.

“Ela é VITARI. De certa forma, suponho que seja pura. Mas é puro potencial, puro poder, pura magia.”

Muito se fala em representatividade e eu poderia dizer que Lila representa muito bem as mulheres, mas o que chamou mesmo minha atenção não foi a representatividade e sim a igualdade com que os protagonistas foram criados. Mesmo Kell sendo o mago sinistro, Lila com suas habilidades e inteligência tem tanta força e importância nessa história quanto ele, os protagonistas se salvam em proporção quase iguais, sendo Lila a maior salvadora, eles tem diálogos cheios de sarcasmo, cedem na medida certa, se respeitam e se apoiam. A autora foi imensamente feliz em criar essa relação de igualdade, me agradou muito e eu acredito que vá agradar a muitos outros leitores também.

Você pode estar pensando, cadê o romance? Eu devo responder que não tem romance, a autora ensaiou alguma coisa, mas acabou me trolando, pois não levou o assunto para frente, na verdade eu tenho muita esperança na continuação, pois acho que rola uma química incrível entre Lila e Kell. Não pense que não ter romance é algo ruim, muito pelo contrário, achei a autora é bem focada no objetivo, não tornou os personagens em apaixonados que visam apenas salvar um ao outro, ela fez com essa decisão uma história de amizade e companheirismo muito bonita, um relacionamento construído aos trancos e barrancos entre duas pessoas completamente diferentes que passam a se enxergar como igual. Falando em amizade achei lindo o relacionamento do Kell com o Rhy Maresh que é o príncipe da Londres vermelha, eles foram criados juntos como irmãos e é nítido o amor que existe entre os dois, Kell em especial é capaz de qualquer coisa por Rhy, as vezes achei meio exagerado, mas consigo entender o porquê de tanto apego e carinho.


Se Um tom mais escuro de magia fosse um livro único teria fechado perfeitamente, termina muito redondinho o que me faz pensar em como a autora vai continuar essa história já que o plot principal foi concluído. Imagino que algumas pistas que foram deixadas ao longo do caminho venham a ser usadas nas continuação, digo mais, espero muito que ela responda as perguntas que estão girando na minha cabeça nesse momento. Eu com certeza pretendo continuar acompanhando não só essa trilogia como a autora, recomendo que vocês façam o mesmo.

Beijos e até a próxima!





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