Sinopse: Nem sempre a vida é colorida como um quadro ou suave
como uma pincelada, às vezes é o contrário de tudo isso. Depois de perder os
pais em um acidente de carro aos oito anos, a única coisa que Betina precisa
fazer é encontrar o responsável por ter destruído sua família na noite que
daria início à sua próspera carreira como pintora. Agora, longe dos pincéis e
das paletas, ela está focada em terminar a primeira graduação e procurar na
justiça um pouco de consolo para o caos que o seu passado ainda traz. Ao lado
de seus amigos e sob o teto de uma tia que a detesta, ela perceberá de que
cores as pessoas são feitas, e do quanto é realmente necessário olhar para
dentro de tudo aquilo que a assombra, mesmo que para isso precise passar por
uma inesperada decepção.
Autora: Amanda Ághta Costa
Editora: Qualis
Páginas: 482
Classificação: 5/5
Li as primeiras impressões desse
livro antes do seu lançamento em 3/10/17, ao longo de um ano eu tentei voltar
para a leitura, mas sem ter tempo fui adiando, até que abriu uma brecha e eu
enfim consegui concluir a história da Betina.
Nunca olhe para dentro entregou mais
do que eu esperava, não fazia ideia, nem mesmo já tendo lido as primeiras
impressões que a história da Betina ia me deixar tão sem fôlego e cheia de
cores diferentes ao longo da leitura. Não posso dizer que foi uma leitura
fácil, por vezes tive que parar e respirar fundo, não sei explicar, mas essa
história me fez mergulhar fundo nas emoções e senti-las de uma maneira que a
muito tempo não acontecia durante uma leitura. Senti muita aflição com as
coisas que acontecem com a personagem e a cada escolha “errada” eu me via mais
ansiosa para que tudo chegasse a um desfecho merecidamente feliz.
'As atitudes não devem ser lembradas pelo rosto de quem as fez, e sim pelas
próprias atitudes. Alguém me salvou, é tudo o que importa."
Antes de falar mais um pouco sobre a
história, quero dizer que a Amanda tem o dom da escrita, é possível reparar em
todo amor que ela coloca nas páginas e esse trabalho em particular merece muito
reconhecimento. Além de muito talentosa a autora é uma simpatia só, tive a
oportunidade de estar com ela duas vezes e sempre fui recepcionada com muito
carinho. Espero encontrá-la mais vezes pelas bienais da vida e espero que nas
próximas eu tenha que enfrentar uma fila enorme para conseguir um abraço, pois
é merecido.
"Ontem eu fui. Anteontem também. Agora, eu acabei de ser."
Sendo bem sincera não sei apontar o
centro dessa história, já que a princípio seria a descoberta de quem causou o
acidente que matou os pais da personagem e isso de fato preenche as páginas e
tem um final impressionante, mas ao longo da narrativa a autora colocou
elementos e assuntos tão importantes quanto e dessa forma é difícil apontar
apenas um como principal. Temos aqui violência doméstica, um tema de suma
importância que foi tratado com segurança e empatia. A amizade e o poder que
esse sentimento e relacionamento tem para vida de uma pessoa, amar sem
julgamento, aceitar sem porém e apoiar acima de tudo. Temos o amor em toda sua
glória vermelha, que é altruísta e insistente, tão apaixonante e tão verdadeiro
que faz todos os outros meio opacos. Vemos aqui perdão, aceitação, busca pela
justiça e principalmente a dor da perda, que acontece de maneiras diferentes
para pessoas diferentes, mas não existe comparação, pois cada uma é única a sua
maneira.
Procurei olhar essa história de uma
maneira única, assim como é a protagonista e foi mágico. Fui feita de trouxa no
desfecho e adorei, que reviravolta, ainda estou sem acreditar direito no que
aconteceu para falar a verdade. Amanda apresentou pela perspectiva da Betina o
amor pelas artes plásticas, a personagem tem a tendência de definir sentimentos
por cores e isso é um ponto alto da história que nós faz ficar mais e mais
envolvidos. Enfim, Betina tem adoração por cores e isso colore também a vida do
leitor. Amanda fala de arte como um todo de uma maneira bem apaixonante, sem
defender seu próprio tipo de arte, a escrita. Mas é notável a voz que ela dá
para algo tão incompreendido como a pintura, já que buscamos sempre um
significado quando na verdade só devemos sentir.
"As melhores lições são aquelas que não têm a menor pretensão de
existir."
A verdade é que posso ficar por horas
falando de Nunca olhe para dentro e mesmo assim não vou conseguir transmitir
tudo o que a história tem, é impossível descrever o quanto eu amei esse livro,
o que vocês precisam fazer e ler e se deixar encantar também. Fica aqui a minha
indicação de leitura nacional da melhor qualidade que me deixou toda laranja.
Beijos
Beijos
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