08/12/2020

[Resenha] O príncipe cruel - Holly Black

 

Sinopse: Jude tinha 7 anos quando seus pais foram assassinados e foi forçada a viver no Reino das Fadas. Dez anos depois, tudo o que ela quer é ser como eles lindos e imortais e realmente pertencer ao Reino das Fadas, apesar de sua mortalidade. Mas muitos do povo das Fadas desprezam os humanos. Especialmente o Príncipe Cardan, o filho mais jovem, mais bonito e mais cruel do Grande Rei. Para ganhar um lugar na Alta Corte, ela deve desafiá-lo... e enfrentar as consequências. Envolvida em intrigas e traições do palácio, Jude descobre sua própria capacidade para truques e derramamento de sangue. Mas, com a ameaça de uma guerra civil e o Reino das Fadas por um fio, Jude precisará arriscar sua vida em uma perigosa aliança para salvar suas irmãs, e o próprio Reino. Com personagens únicos, reviravoltas inesperadas, e uma traição de tirar o fôlego, este livro vai deixar o leitor pedindo bis querendo mergulhar de cabeça na continuação deste universo.

 

Autora: Holly Black

Editora: Galera Record

Páginas: 322

Classificação: 5/5


Olá povo lindo!

 

            O príncipe cruel veio nesse final de ano me mostrar que o problema não é que eu cansei de fantasia e sim que eu precisa de algo diferente dentro do gênero para reacender a chama de amor que eu sinto por esse gênero mágico. Eu tive alguns probleminhas esse ano, demorei meses para terminar um livro, achei que o problema era eu, depois o gênero e fiquei com medo de começar outro livro e empacar, mas eis que em menos de uma semana eu terminei essa leitura e estou radiante.

 

            Vamos começar com o fatídico “não foi nada do que eu esperava”, mas isso não foi nem de longe ruim, acreditei me baseando em fanarts que se tratava de um romance, mas me deparei com uma trama política intensa, uma protagonista que beira ao antagonismo, um vilão que pouco aparece, uma família disfuncional e errada de muitas maneiras e um romance inexistente. Então, fica o aviso, não vá achando que encontrará um amor ardente nem nada do tipo, a interação romântica é praticamente nula, mas todos os outros aspectos dessa história velem a pena.

 

“Por mais ansiosa que esteja, você não pode fazer a lua se pôr ou nascer mais rápido."

 

            Jude Duarte é uma menina que foi roubada do mundo humano junto com suas irmãs e criada como um membro do mundo Feérico como uma nobre, assim como todos de sua família, sendo que ela é humana, mortal e esse mundo pode ser muito hostil para alguém como ela. Sendo assim ela cresce em meio de medo e determinação de se provar, ela quer ser um deles, aceita por eles, mas na verdade ela deseja ser respeitada e pertencente pelo que é: melhor que eles. Então ela se prova e se joga, treina e estuda, tenta se encaixar por anos e quando percebe que não será aceita de modo nenhum, independente do que faça, ela se mostra superior em tantos níveis perigosos e se afasta muito de quem já foi um dia. Ela é melhor e pior do que todos eles e prova isso entre ataques de pânico e resistência física, mental e lógica.

 

            O inimigo principal de Jude é o príncipe Cardan, o mais novo da família real, ele é cruel, arrogante e muito consciente de seus privilégios e poder, o personagem é bem confuso e pouco explorado no início, ele é realmente cruel e Jude é seu alvo preferido, mas diferente do que acontece com os outros ele encontra nela um desafio e ao longo de sua breves aparições vai deixando o leitor confuso com suas pequenas atitudes, mas acaba ficando em segundo plano por muitas vezes, até se tornar o centro de tudo.

 

“Eu quero vencer. Não desejo ser igual a eles. No fundo do meu coração, eu desejo ser melhor.”

 

            A narrativa desse livro é feita em primeira pessoa, o que já é um diferencial, já que geralmente livros de fantasia são escritos em terceira. Essa centralização na Jude ajudou muito a história fluir, mesmo que percamos aspectos da trama como um todo, como quando vendo do alto com uma narrativa mais ampla. Estar junto com a protagonista ajuda na imersão imediata nesse mundo tão plural e vasto, nós sabemos o que Jude sabe, vamos juntando as peças conforme elas vão sendo apresentadas a ela, sentimos todo o conflito interno, vivemos ela de forma intensa. Acho que Jude não é um personagem cativante, ela é muitas coisas e se olhado de fora talvez não fosse algo que engrenasse realmente, precisamos conhecer a personagem a fundo para começar a entender como ela funciona, só assim é possível criar uma simpatia, nem sei se a palavra é simpatia, na verdade eu nem sei se gosto dela ou de qualquer um dos personagens desse livro.

           

            A leitura foi muito fluida, mesmo apresentando um novo universo e precisando oferecer descrições a autora se superou na forma com que fez isso, o mundo foi sendo apresentado conforme a história se desenrolava, com breves explicações sobre algum aspecto importante ou de ambientação, mas sempre inserido no que importava, nunca de forma metódica ou entediante. De verdade, o mundo feérico/fada é muito complexo, eu me vi perdida e as vezes e fazendo comparações com outras histórias que abordam essa vertente da fantasia de alguma maneira, é possível reconhecer alguns nomes e fazer algumas associações, mas no final não é algo realmente importante, o que de novo, faz a escolha de não descrever em detalhes esse mundo muito acertada por parte da autora. A questão é que as fadas são os novos vampiros e apenas uma coisa importa realmente, elas não são brilhantes e bondosas como os filmes da Disney.

 

“Porque você é como uma história que ainda não aconteceu. Porque quero ver o que vai fazer. Quero ser parte do desenrolar da história.”

 

            Toda trama política é maravilhosa, uma jogada após a outra, uma enganação aqui, uma traição ali, vão formando uma nova história a todo momento, cada decisão tem peso e o segundo livro “O Rei Perverso” promete muito, por isso, eu mudei minha meta para o ano que vem incluindo não apenas ele, mas o último livro da trilogia também, isso para vocês verem o quanto é impossível não querer mais desse universo, se a cada capítulo temos uma mudança drástica de rumo, o que acontecerá de um livro para o outro?

 

“Era isso que você queria, não era? — pergunta ele. 

— Foi por isso que sacrificou tudo. Vá em frente. É todo seu.”

 

            Fica aqui a minha mais sincera indicação de um livro de fantasia maravilhoso, focado, intenso e de rápida leitura. Espero que tenham curtido a resenha de hoje, volto logo com mais desse universo para vocês.

 

Um beijo e até a próxima!


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