[Resenha] Corte de asas e ruínas - Sarah J Maas

Sinopse: Em meio à Corte Primaveril, num perigoso jogo de intrigas e mentiras, a Grã-Senhora da Corte Noturna esconde seu laço de parceria e sua verdadeira lealdade. Tamlin está fazendo acordos com o invasor, Jurian recuperou suas forças e as rainhas humanas prometem se alinhar aos desejos de Hybern em troca de imortalidade. Enquanto isso Feyre e seus amigos precisam aprender em quais Grãos-Senhores confiar, e procurar aliados nos mais improváveis lugares. Porém, a Quebradora da Maldição ainda tem uma ou duas cartas na manga antes que sua ilha queime.

Autora: Sarah J. Maas

Editora: Galera Record

Páginas: 686

Classificação: 5/5

Pensa em uma resenha difícil de ser feita, essa foi de longe uma desafio. Demorei mais que o habitual para expressar o que eu acho, porque eu acho tantas coisas que não sabia no que me ater na hora de contar para vocês e não quero levantar comparações com TOG. Então, no grupo do Facebook de fãs da série uma menina levantou uma discussão e eu vi a luz do que eu realmente quero falar para vocês sobre esse livro.

O que mais me chama a atenção em Corte de Espinhos e rosas no geral é sua humanidade, é de longe a fantasia mais humana que eu já li, com tantas nuances e questões que você não sabe bem para onde olhar e no que focar, ao mesmo tempo que  essa cacofonia de acontecimentos não deixa o leitor perdido, pois lidamos com isso diariamente, com erros, acertos, escolhas difíceis, decisões conflituosas e seguimos, assim é ACOTAR.

“A pessoa mais improvável pode mudar o curso da história”

No post que eu comentei acima, a menina questiona ações da Feyre lá no primeiro livro e isso me fez pensar na personagem que por mais que tenha me agradado, não tinha me chamado a atenção completamente até agora. Percebi que cada erro da Feyre foi sentido por três livros, mas precisamos lembrar que ela não é uma guerreira, todos nós somos lutadores, acordamos todos os dias para ter o melhor, dar o melhor para quem amamos, mas quem aqui encararia uma guerra? Quem aqui entende de estratégia tática? Quem aqui sabe do que é realmente capaz até ser forçado a descobrir? E assim é a Feyre, uma lutadora, que ganha na força de espírito e vontade, cheia de erros pela caminho, mas sempre tentando acertar, lutando primeiro pela sua sobrevivência, depois pelos do que ela ama e DEPOIS pelo mundo e é assim que vivemos todos os dias da nossa vida sem nos damos conta, coisa que a Sarah esfrega na nossa cara e nem percebemos, até alguém levantar uma questão hipócrita em um post do Facebook.

“Apenas você pode decidir o que a destrói”

A mesma coisa com Rhysand, a princípio ele é o rei que salvou a princesa do calabouço, perfeito, engraçado, carismático e depois, olhando mais de perto vemos que o personagem é cheio de falhas, defeitos, medos e puxa vida isso humaniza tanto o Rhys que ele ser o mais forte e blábláblá fica pequeno. Enquanto viver ele vai sofrer pelo que fez na montanha, culpa, não arrependimento, pois ele defendida algo precioso para ELE e tendemos sim a colocar os nossos a frente de todos os outros. Quantas vezes ao longo desse livro vi o personagem demonstrar força e frieza e depois desabar com seus medos, afundar na escuridão da culpa, não achar ser merecedor da felicidade. Para mim existe uma diferença entre defender uma causa, combater uma onda de ódio e está super tranquilo em sacrificar quem você ama pelo bem maior. Isso não existe, queremos o bem, lutamos pelo bem, defendemos o bem, mas não se isso exigir um sacrifício pessoal extremo, não vamos subir em um pedestal de “eu não faria” porque na real ninguém sabe o que faria até ter que fazer alguma coisa.

“É raro uma pessoa encarar quem realmente é e não fugir, não ser destruída por isso”

No mais tantas outras coisas acontecem, temos traumas de tudo que é lado, temos Nestha que é odiada, mas tem meu afeto, Elain que tem tudo para ser amada, mas é uma planta e me estressa. Temos Lucian que está tentando se encontrar na nova realidade, temos Tamlim e não sei o que pensar a respeito dele ainda, não gosto do cara, mas não quero seu mal. E temos nossa corte dos sonhos, Mor e suas questões, Cass e seu masoquismo (figurado), Az e suas questões, sendo que uma delas só será resolvida quando outra questão for resolvida e Amrem que é ranzinza, mas é tão encantadora e está para encarar uma mudança tão significativa. Como eu disse esse livro é muito mais do que aparenta, traz muitas questões de auto-conhecimento, trauma psicológico e perdão, essa trilogia vale tanto a pena que nem sei, só tenho certeza que a Sarah arrasa muito.

Deixando as comparações com a vida real de lado e mergulhando unicamente na história, quero dizer que Feyre foi jogada para escanteio na guerra, não foi nada aproveitada, teve sua participação, foi importante, mas poderia ter rendido cenas muito impactantes e de força, faltou luta nessa guerra e isso me incomodou, pois a cada passo da personagem eu esperava e nada acontecia. Muito foi dito ao longo dos livros sobre o Mor e Amren e eu queria ter visto essa força, temos uma demonstração? Sim, mas nem 1% do que eu gostaria que tivesse sido, além de perdas um tanto insignificantes no final das contas, deixando uma sensação de “cade essa guerra sangrenta que eu sempre esperei”, talvez eu tenha esperado uma Aelin da vida, mas Feyre não é uma guerreira lembram? Sendo assim, mesmo me incomodando essa falta da personagem na luta corpo a corpo acho coerente, a falta da Mor não tem desculpa, a autora errou feio nesse ponto.

"Mas isso é guerra. Não temos o luxo de ter boas ideias, apenas de escolher entre ideias ruins."

Terminei o livro querendo mais, questionando um monte de coisas, imaginando inúmeros cenários, mas com a sensação de final. Não tivemos arcos 100% fechados, mas o problema central foi resolvido e isso me basta por hora, não sei dizer se por se tratar de uma trilogia eu tive pouco tempo para me apegar aos personagens, mas se acabasse de fato aqui bastaria para mim. Mas sabemos que tem mais e acredito que em Corte de gelos e estrelas Sarah vai puxar alguns fios e ai sim abrir a história para mais possibilidades, tem muito para ser contado ainda, muitos personagens ótimos que merecem desfechos conclusivos e algo me diz que o próximo livro é na verdade uma porta para mais um capítulo dessa história e não apenas um livro para saciar curiosidade de fã.

"A grande alegria e honra de minha vida foi conhecê-los. Chamar vocês de minha família. E sou grato, mais do que posso expressar, por ter recebido esse tempo com vocês."

Sei que essa resenha não é exatamente convencional, mas o que foi dito aqui realmente me chamou a atenção e eu queria dividir com vocês essa minha perspectiva da história, espero que tenham curtido, deixem nos comentários suas opiniões.

Beijos a e até a próxima!